Por que os BEATLES acabaram? Conheça as causas

Se você acha que a Yoko Ono é a responsável pelo fim do Beatles, saiba que o buraco é mais embaixo.

O fim das turnês, o uso de drogas, a gerra dos egos e outras causas levaram os Beatles ao fim

Engana-se quem acha que a aparição de Yoko Ono é o motivo pelo fim do Fab Four. O relacionamento de John Lennon com a artista plástica  japonesa não é nem a ponta do iceberg. Então, por que os Beatles acabaram?

Ao longo de dez anos de estrada. os Beatles haveriam de ter algumas razões para acabar. Confira abaixo uma lista com 9 causas que, consequentemente, levaram ao fim da banda.

1. Fim das turnês
Deixaram de fazer turnês em 1966 (o último show foi no Candlestick Park de San Francisco, na Califórnia, em 29 de agosto daquele ano) devido ao desgaste físico e os shows acumulados. Nos EUA, fizeram 18 apresentações em 18 dias.

A banda vinha de uma turnê de 13 apresentações em 12 dias por Alemanha, Japão e Filipinas, sendo, nesse último local, onde mais passaram raiva – após se recusarem a se reunir, de última hora, com a mulher do ditador  Ferdinando Marcos, a banda passou a ser perseguida.

Veja abaixo o depoimento da banda sobre a estadia nas Filipinas.

2. Drogas
O uso indiscriminado de drogas contribuiu. Além de serem usuários de maconha (o que quase os levou para a cadeia nas Filipinas), já começaram a fazer experimentos com LSD – “Lucy in the Sky with Diamonds” seria uma referência ao ácido lisérgico?

O certo é que, depois de terem conhecido Bob Dylan e serem apresentados por ele à marijuana, os integrantes começaram a se desenvolver criativamente de forma individual. (Confira o post do Tenho Mais Discos Que Amigos sobre encontro do cantor com a banda, nos relatos de Paul McCartney)

Confira o depoimento de Paul McCartney sobre sua experiência com LSD.

3. Morte Brian Epstein
Em 27 de agosto de 1967, meses após lançado Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band, morreu o empresário da banda, Brian Epstein, de overdose acidental.

Epstein foi o responsável pela descoberta do grupo, quando ainda tocavam no Cavern Club de Liverpool, por contratar Ringo Starr no lugar de Pete Best, além manter uma hierarquia criativa dentro da banda (ele era considerado “o quinto beatle”).

Com a morte do manager, de acordo com reportagem da Rolling Stone em maio de 1970, os Beatles criaram a Apple Corp Ltd. e colocaram “alguns amigos” para tomar conta dos negócios da banda dali por diante

4. Retiro espiritual na Índia
O flerte com a cultura indiana começou do interesse de George Harrison e sua primeira esposa, Pattie Boyd, por aulas de meditação transcendental. Logo a ideia iria atingir os demais beatles, que chegaram a participar de uma palestra do guru Maharishi Mahesh Yogi em Londres.

Depois de um tempo, a banda foi convidada por Maharishi a passarem uma temporada em seu eremitério em Rishikesh. Lá, juntos da atriz Mia Farrow, do cantor escocês Donovan e do beach boy Mike Love, os Beatles passaram um tempo em busca de transcender. 

Logo a colônia de férias da banda iria desmoronar no desencantamento. Em meio às acusações de assédio, nunca confirmadas, os beatles deixaram o ashram desiludidos, principalmente George e John – os dois beatles mais assíduos nas meditações.

Lennon chegou a afirmar, segundo sua primeira esposa  – Cynthia Powell -, que Maharishi “estava mais preocupado com “reconhecimento público, celebridades e dinheiro”. Do desencanto com o guru originou-se “Sexy Sadie“, que se chamava “Maharishi”, originalmente.

Mais histórias da temporada do Beatles na Índia (como os relatos acima escritos) estão na reportagem “The Beatles in India: 16 Things You Didn’t Know“, da revista Rolling Stone.

Dali saíram direto para a gravarem o que viria a ser o White Album. Confira abaixo uma das músicas do disco, que foi inspirada em uma das vivencias do grupo na Índia. 

5. Paul McCartney assume a liderança da banda
Após descobrirem os efeitos das drogas psicoativas, o lançamento de Sgt. Peppers e a morte de Epstein e a criação da Apple, todos começaram a comportar como um núcleo dentro da gravadora e, consequentemente, dentro da banda. 

Lennon se distanciou do posto de band leader, que Paul McCartney ocupou consequentemente, e George Harrison começa a ter mais espaço de composições, escrevendo clássicos como “Here Comes the Sun” e “Something“.

Confira a canção abaixo uma das canções do White Album composta por George, “While My Guitar Gently Weeps”.

6. John e Yoko
A distância de Lennon tinha fundamento. Em 1966, na turnê que fizeram pela Ásia, Lennon conheceu a artista plástica Yoko Ono e começou a se interessar pelo trabalho dela, que, consequentemente, o influenciou artisticamente.

Dali em dia diante, a relação entre John and Yoko se estreitaria, resultando em um relacionamento afetivo enquanto ambos eram casado (Lennon com Cynthia Powell, Ono com Anthony Cox).

Além disso, Yoko começou a comparecer nas sessões de gravação e pronta para opinar no trabalho do grupo. Como indireta a separação de John e Cynthia, Paul compôs “Hey Jude“.

7. Projetos paralelos
O ego dos integrantes se agigantou. Lennon já havia gravado uma demo com Yoko em maio de 1968. Algo que seria o embrião da Plastic Ono Band, algo totalmente experimental chamado Unfinished Music No. 1: Two Virgins, lançado em novembro do mesmo ano, um pouco antes de começarem as sessões para o álbum Abbey Road.

Harrison também não ficou de fora. Antes mesmo que Lennon e Ono apertassem o REC, George já estava em estúdio para gravar algo totalmente autoral. Intitulada de Wonderwall Music, o álbum é uma espécie de trilha sonora para  o filme Wonderwall (1968), dirigido por Joe Massot.

Na oportunidade, Harrison convidou amigos como Eric Clapton, Ringo Starr, a banda Remo Four e uma dúzia de músicos indianos. O disco é uma alternância entre Rock e música clássica indiana.

Escute a faixa 11 do álbum Wonderwall Music, “Party Seacombe”.

8. Desinteresse e faltas
As gravações de Abbey Road Let It Be são marcadas pelas constantes faltas dos integrantes. Enquanto John e George experimentavam, Paul parecia ser o único interessado na banda: aquele era o projeto de sua vida.

Confira a história da ÚLTIMA APRESENTAÇÃO DO BEATLES

Apesar de participar dos projetos paralelos de George e John, Ringo tornou-se uma figura passiva dento do grupo, por conta de sua capacidade criativa limitada. Mesmo com o protagonismo que estava tendo, com “With a Little Help From My Friends” e “Yellow Submarine“, Starr se julgava inferior tecnicamente a seus colegas.

O baterista resolveu se desligar e tirar umas férias na Sardenha.

O desinteresse já era anterior a gravação de Abbey Road. Há tempos que a banda não se reunia para produzir conteúdo conjuntamente. John chegou a afirmar, em entrevista à Rolling Stone, que o “álbum branco” é repleto de composições individuais.

“O álbum branco dos Beatles […] Cada faixa é uma faixa individual – não há música dos Beatles nele. […] Foi John e banda, Paul e banda, George e banda”, afirmou John Lennon em entrevista a Jann S. Wenner da Rolling Stone.

(Acompanhe a reportagem na íntegra)

Confira abaixo uma das raras canções protagonizadas por Ringo, “Octopus’s Garden”

9. Envolvimento de Linda Eastman e Allen Klein nos negócios da banda
A mulher de Paul não se envolveu literalmente, mas sua família sim. De acordo com a revista Rolling Stone, em maio de 1970, um selo gerido por músicos não estava gerando lucros a banda. Ambos estavam desgastados pela reuniões constantes para tomar decisões comerciais.

Cansado da fadiga, John ( recém-chegado do Canadá) pediu que Allen Klein, gerente de negócios dos Rolling Stones para administrar aquela barca furada que era os Beatles.

Só que Paul não gostava do cara, queria um manager diferente, segundo a Rolling Stone. Nesse momento é que apareceu a família de Linda Eastman (já Linda McCartney) querendo gerir os negócios da banda, que eram advogados especializados em direitos autorais.

Lennon, Harrison e Starr se juntaram com Klein; McCartney ficou com a família Eastman. Allen (que era conhecido como valentão), tempos mais tarde, conseguiu equilibrar a contas da Apple. O empresário também ficou conhecido por ser detentor dos direitos autorais de tudo o que os Stones haviam feito até 1971.

O fim era eminente
Pelos próprios membros surgiram, pelos próprios sucumbiram-se. Na soma dos motivos, o fim foi uma consequência de atitudes de todos os integrantes, seus egos e suas ambições, além da displicência e a falta de maturidade para assuntos considerados sérios, como a gestão da Apple.  

John foi viver sua vida e sua carreira, com quatro álbuns lançados em um espaço de um ano. George também zarpou fora. Lançou talvez o melhor álbum de um beatle em carreira solo – All Things Must Pass. Harrison também realizaria com sucesso o Concert for Bangladesh, com a participação de Ravi Shankar e  Bob Dylan, para arrecadar fundos para as vítimas do conflito civil no país asiático.

Não por isso, Ringo também entrou em uma fase individual, com o discreto Sentimental Journey

Demorou um tempo para Paul desencanasse dos Beatles e lançou seu primeiro álbum solo em 17 de abril de 1970  – o homônimo McCartney, uma semana depois de ter anunciado a dissolução do grupo.

And in the end /
The love you take /
Is equal to the love you make.

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Autor: Danilo Silveira

escritor, jornalista e fotógrafo

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